Na passada quinta-feira dia 25 de Março, realizou-se o workshop em “Dançoterapia: O Movimento Expressivo em Educação especial” com a Professora Dr.ª Carla Alma Siciliotti, acção promovida pelo 1º Ciclo em Motricidade Humana (ISEIT) em parceria com a Associação Nacional de Docentes de Educação Especial e a Associação Portuguesa de Psicomotricidade.
Introduziu-se a dança num tema – uma viagem. Uma viagem sem fim, por um caminho, onde há altos e baixos, há linhas rectas e curvas, há momentos, há vivências e há diferentes formas de interpretar a música através da expressão corporal.
Começamos por fazer um aquecimento, onde teríamos que estar disponíveis para essa viagem, pelo que começamos a “sacudir o pó” literalmente do nosso corpo, seguidamente em interacção, sacudindo o pó dos outros.
No contínuo dessa viagem, fizeram-se dois grupos, em que cada um actuava alternadamente, possibilitando a observação da dinâmica do grupo e as diferentes vibrações e modos de interpretar a música de cada elemento. Esta divisão assentou em dois temas, “a serenidade”, com movimentos leves, suaves, descontraídos, e a “impulsão”, com movimentos mais firmes, coesos, fortes e determinados.
Por conseguinte, formaram-se quatro grupos, os quais se situaram nos pólos de uma cruz imaginária. Primeiramente, um grupo, de cada vez, ia expressando a sua interpretação corporal da música, segundo o ritmo, a melodia. Depois, todos os grupos ao mesmo tempo, em que se verificava a harmonia dentro do caos, e a individualidade ao mesmo tempo da colectividade.
Pode-se experienciar como a relação com o corpo, a consciência e controlo sobre o mesmo, a interacção com o outro, o toque, por vezes não é fácil, exige de nós uma abertura e um à-vontade, uma familiaridade. Como se consegue? Como que desligando do mundo e centrando-nos na música, no ambiente por ela criado, na nossa energia corporal. Este exercício dá-nos um melhor entendimento sobre determinadas especificidades de alunos com Necessidades Educativas Especiais, de que forma trabalhar, de que forma interpretar, de que forma conduzir, de que forma experienciar a actividade corporal aliado à dança e à música, no sentido de fomentar uma maior consciencialização do “eu” e de toda a sua expressão.
A dançoterapia permite desenvolver diferentes áreas, desde a concentração/atenção, lateralidade, coordenação motora, memória, criatividade, agilidade, interpretação, sequencialidade, auto-controlo, entre outros.
E a viagem continua…mas agora ao contrário! Cada grupo tinha que interpretar corporalmente o oposto do ritmo da música. Quando os sons eram imponentes, rápidos, intensos, deveria a expressão cultural ser suave, e quando acontecia o contrário, a expressão deveria ser activa, enérgica, sentida. Posteriormente, experimentou-se a oscilação entre o movimento e a pausa.
Não se sabe a duração da viagem, não se sabe quando se vai chegar, não há uma meta pré-estabelecida. Sabe-se que se vai numa viagem sem retorno! Que o ponto de partida não é o mesmo que o ponto de chegada.
Introduziu-se o símbolo do infinito (∞ ), em passos sequenciados de oito tempos, aliado ao simbolismo de gestos introduzidos pela “maestra” e posteriormente outros introduzidos por cada um, e depois uma mescla de gestos dados pela professora e aqueles inventados por nós ao ritmo da música.
Por fim, a criatividade foi posta à prova, foram formados três grupos, que deveriam consoante cada música, fazer a interpretação da mesma, aproveitando uma sequência de passos já introduzidos anteriormente. Então surgiram três momentos: ambiente medieval e solene; ambiente militar e magnificente; e, por último, ambiente artístico e imponente.
No término do workshop, reflectiu-se sobre a abertura que há em relação às diferentes terapias em Portugal. Que não é muito comum, ainda, existir dançoterapia nas escolas e que neste tipo de intervenção não se pode estipular um prazo, pois depende da criança e da sua evolução, e não há uma meta a atingir, há ou investe-se, sobretudo, um processo de desenvolvimento e maturação. A título de exemplo, na Itália, a dançoterapia realiza-se na Escola e fomenta a Inclusão, dado que cada intervenção pode ser dada em pequeno grupo (4/5 elementos), na qual a criança com NEE está inserida num grupo de referência, onde desenvolve competências sociais, comportamentais, de linguagem e comunicação, de interrelação, entre outras.
A música e a dança são um universo tão vasto, que se pode tirar partido de diferentes maneiras… foi mais uma experiência enriquecedora! Esta viagem não acaba aqui…continua nas nossas vidas!
Olga Sá
Caríssimos...li com muito interesse o que escreveram sobre a dançoterapia. E uma formação (creditada de preferência!)a realizar pela FMH a docentes de educação especial? Seria mt, mt, interessante e acima de tudo muito útil pra todos. Estamos tão cansados das formações q por aí aparecem, que na prática não nos servem de quase nada!
ResponderEliminarPensem nisso...à semelhança da acção de formação realizada pelo departamento de dança sobre "danças tradicionais"!
o meu mail: paulatesta@netcabo.pt
Mto obrigada desde já
Olá Paula
ResponderEliminarEsta formação não foi realizada pela FMH mas sim pela Associação Nacional de Docentes de Educação Especial e a Associação Portuguesa de Psicomotricidade.
Partilho da importância da formação pertinente, creditada ou não. Contudo a Pin - Associação Nacional de Docentes de Educação Especial, está realizar todos os esforços para em breve termos formação creditada. Pode consultar em:
http://proinclusao.com.sapo.pt/
Um abraço